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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

CU DE BÊBADO NÃO TEM DONO? COMO ASSIM?

TEM SIM, Desculpem começar o meu texto com uma expressão tão Chula. Mas é disso mesmo que se trata.
Afinal esse é o assunto da semana. Na Rede, na televisão, nas rodas de conversa.
Pois o que se discute é se a menina estava bêbada, se estava em condições de decidir sobre o que queria ou não.
Essa discussão está enviesada, afinal não se trata de discutir o comportamento dela e ou apenas dele.
Parece que insistimos na tese do vamos levar vantagem em tudo. Que historia é essa de achar que uma pessoa em situação de vulnerabilidade pode ser prejudicada, ou perde seus direitos de cidadão?
Aproveitar da situação de bebedeira de alguém e passar-lhe a perna, enganá-la, aproveitar-se dela, diminui o erro que está sendo cometido?
Se é assim deve ser correto aproveitar-se de um cadeirante, já que ele não vai conseguir correr para te alcançar, ou mesmo assaltar os mais velhinhos pelo mesmo motivo!!! Assim fica fácil achar inclusive que podemos abusar das crianças, já que as vezes elas nem percebem que estão sendo abusadas. É essa a lógica???
Um verdadeiro cidadão não comete o delito só pela oportunidade. Essa não é a lógica que o processo civilizatório nos apresenta.
O que assistimos no big brother é crime sim, o parágrafo único do artigo 217 – A, do Código Penal Brasileiro em sua ultima alteração deixou mais claro a questão.
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) (BRASIL, 2012)
Não se pode aceitar que o fato do outro estar em situação de vulnerabilidade permita que possamos nos aproveitar para tirar vantagem. A condição humana é frágil, sob intensa pressão cometemos erros, nossos preceitos éticos podem se fragilizar. Entretanto, o que programas desse tipo fazem é criar situações onde nossas fragilidades fiquem mais expostas. Em verdade ele nada tem de diferente dos programas do Ratinho, ou de qualquer outro que aproveite de nossas imperfeições e fragilidades para nos ridicularizar.
No Brasil ainda permitimos cultuar alguns comportamentos que parecem apoiar as atitudes que vimos no programa. Penso que o programa tem esse objetivo. Ele nada tem de reality show. Afinal todas as situações são preparadas com objetivo claro de vulnerabilizar as pessoas, com claro objetivo de criar situações onde as fragilidades humanas ficam mais expostas. Afinal, porque não tem camas individuais para todos? Porque a comida tem que ser disputada numa prova? Porque as festas são exageradamente regadas a muita bebida? Ora todas estas estratégias só podem produzir resultados como os que assistimos.
A realidade vivida no programa não é existe. É forjada, e tem o claro objetivo de instigar a competição, a traição, o passar por cima do outro, enganar, ou como eles gostam de falar, É um JOGO, estamos aqui para jogar. Isso parece significar ganhar a qualquer custo. Ora é esses os valores que pretendemos valorizar na sociedade brasileira?
Luis Fernando Veríssimo é feliz ao apontar o disparate em comparar os participantes do programa com Heróis. Trata-se de uma inversão de valores sem precedentes. Muito triste. Como se pode questionar a atitude de políticos corruptos, profissionais e empresários desonestos, pessoas sem educação no trato com as pessoas. É isso que deixamos ser transmitido na televisão brasileira. Em nome de uma pseudo liberdade de imprensa. Liberdade hoje e sempre sob o comando de poucas famílias. Essa discussão precisa acontecer. Televisão no Brasil precisa ser democratizada.

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