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terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Vai 2019... Hoje resolvi fazer uma releitura em alguns textos e reencontrei Ana Elisa Ribeiro numa ótima crônica. O que me convidou a escrever esse. Assim começa essa crônica , Há! Vou me deter em alguns trechos, construindo um diálogo que nunca aconteceu de fato. Embora possível. Você viveria sua vida de Novo? Saramago afirma que sim, viveria, repetidamente, ponto a ponto, sua vida de novo, da forma exata como foi. Para ser mais precisa e como dizemos por aqui: “sem tirar nem por”ou “cuspido e escarrado”(por ora dispenso os ensinamentos sobre a origem da expressão) (e eu também). E como deve ser bom ouvir isso da boca de alguém. Querido, eu faria tudo de novo. Amor eu me arriscaria pelas mesmas sendas. Não deve ser fácil ter toda essa disposição. E talvez elas não sejam cem por cento verdade. A vida como ela é, não passa de uma ficção, uma narrativa que a gente se conta o tempo todo. Ana Elisa... Não arrisca em dizer um “sim” muito veemente. Nem sempre. Intermitências. Lembro daqui e dali de uns desassossegos. Uns episódios, esparsos, tudo bem, mas que, provavelmente teriam mudado tudo, inclusive (e principalmente) o lugar do ápice, a epifania e, mais a conclusão. The end não seria este. Seria um outro, e termino por julgar: melhor? Quando olho para traz tenho um sentimento de satisfação. Passei 37 anos prestando serviços ao SUS. Ajudei na sua construção. Participei de diversas conversas e contribuí na organização de diversas outras que sempre tiveram como foco o respeito, e a melhoria da assistência à saúde para nossa população brasileira. Casei-me, tive filhos, hoje tenho neto(s) lá se vão mais de 38 anos de convivência, obviamente nem sempre sem desassossegos, mas nada que uma conversa, um respiro, não pudesse superar. Gosto muito do resultado de tudo isso que foi vivido com eles. Fui professor universitário por 18 anos, vivi ótimos momentos, principalmente aqueles que trouxeram para dentro da universidade os alunos do PRÓUNI. Que ávidos de conhecimento e de novas experiências, tanto nos interpelaram, colocaram em questão nossos métodos, nossas aulas, trazendo uma realidade pouco conhecida pelo ambiente acadêmico. Mas que ao final, vinham até a nossa mesa agradecer a aula dada naquele dia. Militei na profissão, e junto com vários amigos, ajudei a criar várias entidades, e principalmente a dar à minha profissão uma dimensão do compromisso social com nosso povo, buscando respeito a diversidade e aos direitos humanos. Vivi como cidadão a luta contra a ditadura, lutei pelas diretas, participei dos temas importantes para construção da nossa constituição, mas principalmente da possibilidade de ver políticas públicas mais inclusivas, trazendo condições de cidadania a uma parcela considerável da população sempre excluída pela política deliberada de aumento das desigualdades sociais. Sabe Ana, à primeira vista é de fato linear, como você, certamente muitas vezes quis ir adiante para ver se valia a pena? “Sei que não seria possível viver tudo de novo, desse jeitinho. Provavelmente quereria fazer o caminho que parecia logo ao lado, para ver onde iria dar. E se pudesse concluir algo, também pediria ao gênio da lâmpada aquele terceiro pedido”. Mas isso não apagaria as coisas vividas. Gonzaguinha diria.... Começaria tudo outra vez Se preciso fosse, meu amor A chama em meu peito ainda queima Saiba, nada foi em vão “Mas se existia outro caminho? se eu pudesse ter comprado aquela passagem? Se tivesse aceitado aquele convite? Nada disso mudaria nossa vida. Apenas abriria ou fecharia um pouco mais a curva da espiral que é nossa vida, não é?” E então eu cantaria a noite inteira Como já cantei, eu cantarei As coisas todas que já tive, tenho e sei Um dia terei A fé no que virá E a alegria de poder olhar p'ra trás E ver que voltaria com você De novo viver nesse imenso salão A todxs os meus amigos, amigas, meus familiares, ex-alunas e alunos, colegas de trabalho e militância, Gostaria de dizer que voltaria a viver com todos vocês nesse imenso salão, como disse Ana Elisa, talvez não fosse possível nos repetir, mas ainda assim gostaria de estar com todos vocês de novo nesse caminho continuando a luta por um mundo menos desigual, mais sustentável e mais justo. Ao som desse bolero Vida, vamos nós E não estamos sós Veja, meu bem A orquestra nos espera Por favor, mais uma vez Recomeçar. Francisco Viana 1)Ribeiro, Ana Elisa. Chicletes, lambidinha e outras crônicas, 2012 2)Luiz Gonzaga, Gonzaguinha - Começaria tudo outra vez

sexta-feira, 31 de maio de 2019

HOJE NOSSA RUA FICOU MAIS POBRE. Hoje nossa rua ficou mais triste. Perdemos dois Ipês de uma só vez. É verdade que estavam demostrando seu enfraquecimento já há algum tempo. Fruto de podas malfeitas, toscas, somadas às condições insalubres de uma grande cidade. Mesmo assim ainda estavam vivas, podia-se ver pela cor de seu caule já no chão. A verdade é que já enfrentávamos essa situação a muito tempo, Certa de um ano atrás uma voz solitária suspendeu o corte, apenas com uma pergunta, Alguém tem um laudo indicando que elas devem ser cortadas? Foi o suficiente para que ganhassem mais um ano de vida e nos brindassem ao tempo certo com mais uma e última florada. Não estavam mortas. Perdemos um pouco mais de sombra, Perdemos o cheiro das flores, a cor viva que coloria nossas calçadas, Teremos um sol mais forte em nossas janelas, Nossa intimidade mais devassada, Principalmente perdemos acordar pelas manhas de setembro e ao abrir a janela nos depararmos com um buque de flores a nossa frente, Vamos plantar outra, certamente, mas ficará para os netos assistirem à chegada das águas, Para nós ficará a lembrança....

terça-feira, 23 de abril de 2019

23/04/2016 Aos amigos Psicólogos, Alunos da Psicologia e Ex alunos e alunas, Fui assistir neste feriado ao filme que conta parte da história de “Nise da Silveira, O coração da Loucura”. Médica Psiquiatra, que conseguiu se tornar uma referencia para três profissões, para os Psiquiatras, para os Psicólogos e para os Terapeutas Ocupacionais. Nise uma mulher moderna, democrática, a frente do seu tempo, demostra na sua prática, o respeito pelos portadores de sofrimento mental, e contribui para resgatar o melhor que havia em cada um deles. Após sair da prisão, (ficou presa durante a intentona comunista, no mesmo presidio de Graciliano Ramos, tendo se tornado uma das personagens, junto com Olga Benário Prestes, de seu livro Memórias do Cárcere). A doutora Nise da Silveira (Gloria Pires) propõe uma nova forma de tratamento aos pacientes que sofrem da esquizofrenia, eliminando o eletrochoque e lobotomia. É um filme imperdível. Ótima interpretação de Gloria Pires.

sábado, 20 de abril de 2019

Decidi Passar para este espaço várias postagens que fiz no Facebook. Assim vou copia-las para cá e colocar data para ficar coerente com o momento da escrita. Essa de hoje é de 06 de abril de 2019 Hoje fui assistir um filme que todos nós profissionais de saúde deveríamos assistir. O Tradutor. Com Rodrigo Santoro. A história de um professor De literatura russa convocado para fazer tradução para os familiares e pacientes do desastre de Chernobyl. Muito cuidadoso. Triste, realista, mas que mostra como também precisamos cuidar de quem cuida. E também uma oportunidade para conhecermos o comprometimento dos profissionais cubanos e do sistema de saúde de Cuba. Não percam.