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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Hoje perdi mais que um grande Amigo. Hoje perdi mais do que um grande amigo. Conheci o Marcus Vinicius nos anos 80 na luta politica. Eu ajudando a construir o Sindicato dos Psicólogos, ele na militância dos Professores de Contagem. Algumas vezes nos encontrávamos no SIMPRO, (Sindicato dos Professores que apoiava tanto nosso movimento de psicólogos, quanto dos professores de Contagem), e ali trocávamos algumas farpas, Ele sempre na radicalidade, achava nosso movimento pequeno Burguês, eu garantia a ele que os Psicólogos Mineiros sempre e em primeiro lugar apoiariam as lutas dos professores de Contagem e de Minas Gerais. Lutamos juntos para reconstruir o Estado de Direito, garantir as liberdades democráticas, lutamos contra a ditadura militar. Nos final desta mesma década, depois que ambos estávamos formados, nos encontramos de novo na luta por uma Psicologia com Compromisso Social. Sempre juntos, fomos militar na área da saúde, eu na FHEMIG, ele na Secretaria de Saúde. A afinidade politica, nunca exigiu concordância absoluta. Marcus era de uma capacidade de argumentação que sempre me impactou. Ele era daquele tipo que quando discutia e argumentava, falava alto, com aquele vozeirão quase gritava. Batia na mesa, gesticulava. Ele construía conhecimento enquanto falava. Ao discutir com ele aprendíamos muito. Ele era cheio de ideias e sempre dizia que elas não eram apenas dele. Sempre partilhou com todos os projetos, as ideias. Marcus trilhou seu caminho na defesa dos direitos humanos, de uma psicologia comprometida com a maioria da população brasileira, da luta por uma sociedade mais justa, tolerante, com capacidade de conviver com as diferenças. Não encontraremos movimento social existente no Brasil, na América Latina e no mundo que não tenha de alguma forma provocado em Marcus o desejo de nos provocar. Ele estava atento a tudo. Marcus morreu assassinado por continuar nessa luta por uma sociedade mais justa, solidaria respeitadora dos Direitos Humanos. Incomodou os grileiros e fazendeiros baianos, quando defendia os direitos das comunidades rurais. Estava absolutamente engajado na luta pela manutenção das conquistas da reforma Psiquiátrica Brasileira, foi a nossa maior liderança da luta Antimanicomial. Aprendemos com ele a pensar uma outra Clínica. Uma Clínica que garantisse ao sujeito seus direitos, sua cidadania, sua historia. Marcus foi embora, não está mais entre nós. Sua história, suas lutas, suas contribuições à psicologia estão marcadas em nossas vidas. Cabe a nós exigir do Estado Brasileiro a punição exemplar de seus assassinos. O Brasil que queremos não pode conviver mais com ações que excluem os divergentes, os diferentes. A vida de Marcus Vinicius nos deixa como legado a certeza que precisamos continuar lutando, Lutando contra a desigualdade, lutando contras as injustiças, lutando contra qualquer forma de discriminação e opressão. Essa morte não pode ser em vão. Um grande abraço amigo.