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sábado, 31 de dezembro de 2022

Que venha 2023

É 2022, não foi fácil ver você passar. Afinal, a gente não fica aqui de bobeira, vendo a vida nos levar. A COVID ainda nos acompanha até hoje, mas sabemos que agora tem uma vacina que nos protege. Que se tivesse sido comprada mais rapidamente e se houvesse compromisso com a vacinação, possivelmente teríamos evitado a metade ou mais, das quase 700 mil mortes ocorridas no Brasil. Mas, além de enfrentar a covid, aprendemos que temos que enfrentar a mais antiga das maldades, a mentira, nunca na história da humanidade, ela esteve tão presente, tão eloquente, e produzindo compreensões distorcidas da realidade, criando conflitos, confundindo as pessoas, produzindo subjetividades com dificuldades de compreender a realidade. Trabalhamos muito nas eleições. Temos a certeza de que boa parte do sofrimento vivido hoje pelo povo brasileiro está relacionado a política governamental. Enfrentamos as eleições mais desiguais e perversa, onde a compra de votos, o assédio, estiveram presentes no dia a dia e sempre associada a uma ameaça ao estado democrático. Foi um ano de muitas perdas. Ainda que, nem menores ou maiores que as perdas dois anos anteriores. As perdas não podem ser medidas. O que se pode é avaliar o que se deixou de fazer para evitá-las. A sociedade brasileira escolheu seu projeto de futuro. Mesmo que tenha sido uma divisão na sociedade brasileira. Um projeto democrático de sociedade deve considerar a escolha da maioria. É assim, temos um processo de escolha, onde no segundo turno só teremos 2 candidatos. O projeto vitorioso, é aquele que obtém 50% + 1 dos votos. Agora é arrumar a casa, reconstruir as políticas públicas que reduzem a pobreza, cuidam da saúde, da educação, oferecem ao povo a condição de uma vida digna. Amanhã começa uma nova etapa. Não será fácil. O fujão deixou terra arrasada, rios empesteados de mercúrio do garimpo ilegal, comunidades indígenas sem cuidados básicos e muitas de suas lideranças assassinadas, florestas desmatadas e incendiadas, ilegalidades enormes no bolsa família, SUS e educação sucateados, nossas universidades e centros de pesquisa sem recursos mínimos para pagar a conta de luz, isolamento mundial jamais experimentado. Um rombo financeiro e distorções em política econômica trazendo mais pobreza e sacrifício à população mais pobre do país. É foi assim, para mudar exigiu muito sofrimento, muito trabalho. Muito desgaste. Mas a certeza que valeu a pena. Valeu reencontrar todos novamente na luta por um mundo melhor. Valeu trabalhar procurando contribuir para que as pessoas não fossem enganadas com notícias falsas. Valeu estar com todos vocês nessa luta. Valeu a certeza que: Vivemos esperando Dias melhores Dias de paz, dias a mais Dias que não deixaremos para trás Dias melhores para sempre. (jota Quest) Mas sabemos que construir essa estrada dá trabalho, muita coisa precisa ser desenvolvida para oferecer respostas mais efetivas as necessidades da população, e isso precisa que estejamos juntos. É preciso buscar alguns que ficaram no caminho, confundidos por narrativas enganosas. Não queremos um mundo sem divergências, pelo contrário queremos poder trocar ideias, discutir, mudar de opinião, rever conceitos. “Somos nós que fazemos a vida, Como der, ou puder, ou quiser” (Gonzaguinha) “Acredito é na rapaziada Que segue em frente e segura o rojão Ponho fé é na fé da moçada Que não foge da fera e enfrenta o leão Eu vou à luta com essa juventude Que não corre da raia a troco de nada Eu vou no bloco dessa mocidade Que não tá na saudade e constrói A manhã desejada.” (Gonzaguinha) Eu apenas queria que você soubesse Que aquela alegria ainda está comigo E que a minha ternura não ficou na estrada Não ficou no tempo, presa na poeira. (Gonzaguinha) Pois é que venha 2023, com muita disposição para o trabalho, muita alegria, ternura, num bloco que contribui na construção da manhã desejada por todos nós.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Perdemos Thiago de Mello

Esse texto foi escrito em 15 de janeiro de 2022 Po algum motivo não publiquei aqui. Antes tarde do que nunca. Ontem, perdemos Thiago de Mello, o poeta da floresta que como poucos cantou a liberdade e a esperança. Fez dos seus versos uma arma mortal para os que não acreditam na possibilidade de uma vida mais digna. Seus versos conheci ainda na faculdade. Faz escuro mais eu canto, porque a manhã vai chegar. Quando chegou tive a oportunidade de assistir a um sarau de poesias no DCE da federal hoje espaço belas artes. Foi uma emoção marcada por palavras fortes, marcada pela certeza que juntos encontraríamos o caminho da esperança e da liberdade. Thiago de Mello nos deixou além da poesia, seu exemplo, sua dedicação e perseverança na luta por um mundo melhor e mais digno para todos. Vai descansar Thiago, a luta agora e nossa e a luta continua.

quinta-feira, 28 de abril de 2022

Que Governo é esse?

Que tem Ministro do MEIO AMBIENTE QUE DEFENDE PASSAR A BOIADA em cima de tudo. Legalizando venda ilegal de madeiras, o os incêndios na floresta, Que tem MINISTRO DA SAÚDE QUE DEFENDE USO DE MEDICAMENTOS INEFICAZES para combate a doenças, Que o SECRETÁRIO DE CULTURA defende uso de recursos da cultura para eventos de propaganda de armas, Que o MINISTRO DA EDUCAÇÃO ANDA ARMADO, e deixa a arma disparar em pleno aeroporto, Que o PRESIDENTE DA REPÚBLICA DEFENDE TORTURADOR e da GRAÇA (Perdão) a defensor de atos antidemocráticos, fechamento do congresso e o AI5. INACREDITAVEL AINDA BEM QUE ESTE ANO TEMOS ELEIÇÕES

sexta-feira, 4 de março de 2022

A CULPA É da NATUREZA

A Culpa é da natureza. Quando ainda estava na faculdade fazia estágio numa escola aqui em BH – Instituto Criança Feliz, Escola Montessoriana que não existe mais. Ajudei a organizar uma reunião de pais onde trouxemos o professor Ângelo Machado para uma conferência, durante o convite, havia conversado com ele sobre a atividade e ele sugeriu a época que tratasse do tema do medo dos bichos. Achei interessante e acabei sendo convidado por ele para buscar opiniões das crianças sobre a percepção do medo dos bichos. Tinha que perguntar a elas por que os bichos do zoológico ficavam presos. E a resposta das crianças menores eram em sua maioria, “porque se não como a gente poderia vê-los. Ou seja, quem na verdade passava os medos para as crianças eram os adultos, já que as crianças não tinham ainda essa percepção do medo. Achei aquilo muito interessante, foi uma convivência que marcou minha vida, como estudante, profissional, professor e pesquisador. Aprendi a olhar com cuidado sobre os fenômenos e buscar compreender como que nós humanos significamos aquilo que nos é apresentado pela nossa relação com o mundo. Prof. Ângelo dizia para mim, os adultos destroem as florestas porque aprendem desde pequenos que a floresta é cheia de bichos maus, selvagens, que nos atacam. Fiz essa pequena introdução para comentar o resultado da investigação sobre o “acidente” da queda de uma parte do paredão no lago de furnas. Mais uma vez a culpa é da natureza. Aquele lago é uma intervenção humana, é um lago artificial criado para tocar geradores de energia elétrica. Aquele paredão não tinha um lago em torno dele originalmente. Além disso existem vários empreendimentos imobiliários ao redor do lago. Esses empreendimentos também foram criados pelos seres humanos. A defesa civil e o instituto de meteorologia indicavam chuvas intensas na região, com riscos de cabeça d`água. O dia estava nublado, havia um número enorme de barcos na região, não havia regras claras da distância que se deveria manter dos paredões, havia pessoas nos barcos sem coletes salva-vidas, não havia estratégia de sinalização entre as embarcações e até mesmo do próprio local caso percebessem a necessidade de se afastarem. Mas a culpa é da natureza. Lembrando do prof. Ângelo Machado, concluo que so seres humanos destroem a natureza pelo mesmo motivo que matam os bichos e queimam as florestas. Os seres humanos têm medo da natureza. Por isso a destroem. Por isso botam fogo nas florestas, destroem as montanhas, esgotam os recursos naturais, poluem os rios e os mares. Tudo culpa da natureza, apoiados nos relatórios das fiscalizações, dos peritos, da polícia. INACREDITÁVEL

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Que venha 2022

Passei dias rodeando essa folha, O que escrever nesse último dia do ano de 2021, não escrevi. Passou o primeiro dia, o segundo quase terminando. Ano difícil onde perdemos desnecessariamente mais de 600 mil pessoas no Brasil por falta de cuidado e descaso do governo. E outros milhões ao redor do mundo por motivos semelhantes, e ainda continuamos perdendo. Ano em que milhares perderam empregos, Ano em que vivenciamos, sofrimentos, tristezas, solidão, medos, e ao mesmo tempo alegria, alívio quando vimos que havia uma saída chamada vacina e que não tínhamos nos infectado. A ciência, o conhecimento e a solidariedade nos mostraram o caminho. Numa condição de existência tão entrelaçada quanto a que vivemos hoje, parece delírio, considerar que liberdade é poder infectar outras pessoas, é não considerar o respeito a comunidade, ao outro. Mas temos demonstrado que como seres humanos aprendemos muito, com todas as dificuldades que enfrentamos, uma maioria absoluta está se vacinando e tomando os cuidados necessários. Os insensatos são minoria, embora continuem promovendo estragos continuamente. Foi muito gratificante ver o SUS desempenhando de maneira impecável o seu trabalho, demonstrando claramente que não se construiu uma política de governos, mas uma Política de Estado que apesar dos desmandos seguiu corretamente seu trabalho, demonstrou sua capilaridade, sua capacidade de resposta, o envolvimento dos seus trabalhadores. E nos mostrou também onde devemos investir nos próximos anos para enfrentar as dificuldades que ainda virão. Teremos um ano desafiador pela frente, pois precisamos encontrar novas formas de conviver, trabalhar, divertir com segurança e continuar enfrentado a pandemia, pois ela ainda não parece definitivamente controlada. Sabemos que para isso também teremos que pensar coletivamente, não adianta vacinarmos alguns e outros não, e digo isso não pelos que não querem, mas aqueles que pelas desigualdades existentes ainda não tiveram acesso as vacinas. Temos que pensar planetariamente, ou cuidamos de todos, ou todos viveremos os reflexos desse descuido. As questões climáticas já nos demonstram isso com uma intensidade que jamais vimos. Frio, calor, enchentes, secas, tempestades de areia, etc. etc. Se não cuidarmos de todos essa pandemia não será controlada. Precisamos recuperar nosso lugar nesse país, e porque não dizer nesse mundo. Não é possível que continuemos a viver nesse país achando natural que pessoas morram de fome, que outros não tenham onde dormir, que não possam descansar, que a educação não deva estar disponível para todos, que a moradia, a saúde, o trabalho, uma vida digna, seja privilégio de poucos. Precisamos tomar o rumo dessa história, cuidar do planeta, cuidar das florestas, dos animais, CUIDAR DAS PESSOAS. Conquistamos um desenvolvimento que até bem pouco tempo não passava de ficção científica, temos capacidade de comunicação, de troca de informações que deveria nos permitir viver comunitariamente com maior intensidade. Entretanto ela tem sido usada para nos induzir ao consumo, cada vez mais desvairado, exigindo dos nossos recursos naturais uma capacidade de reposição que de fato não está disponível pela natureza. Temos colocado nossas crenças acima do direito individual e coletivo e da liberdade de pensar diferente. Temos assistido por todo mundo um discurso de ódio, onde aquele que pensa diferente precisa ser eliminado, onde a diferença se torna intolerável. Em especial no Brasil esse discurso tem sido ampliado por pessoas que deviam reconhecer a diferença e valorizar as divergências. Até porque só ocupam os lugares em que estão, porque outros consideraram que deveriam ser ouvidos, ainda que discordassem. Creio que por tudo isso estava difícil escrever, nossa tarefa é dura, será árdua, mas precisa continuar. Mais uma vez quero estar com vocês nessa luta, talvez ela seja ainda a distância, talvez tenhamos que usar mais a internet, mas quero estar com vocês, combatendo um bom combate. Hoje escutei essa música do Gonzaguinha e achei que ela expressa um pouco esse sentimento que queremos. É! A gente quer valer o nosso amor A gente quer valer nosso suor A gente quer valer o nosso humor A gente quer do bom e do melhor A gente quer carinho e atenção A gente quer calor no coração A gente quer suar, mas de prazer A gente quer é ter muita saúde A gente quer viver a liberdade A gente quer viver felicidade É! A gente não tem cara de panaca A gente não tem jeito de babaca A gente não está Com a bunda exposta na janela Pra passar a mão nela É! A gente quer viver pleno direito A gente quer viver todo respeito A gente quer viver uma nação A gente quer é ser um cidadão A gente quer viver uma nação É, é, é, é, é, é, é! SEM MEDO DE SER FELIZ... Francisco Viana Jan/2022

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Estamos no último dia do ano de 2020. Ano que preferia que tivesse acabado em março. Vivemos neste ano coisas que só na ficção cientifica conhecíamos. Fomos literalmente atropelados por pelo menos dois inimigos ferozes. Um invisível, que para combatê-lo dependíamos de conhecimentos que ainda não estavam estruturados. O outro, a ignorância, o descaso com o outro, o desrespeito com a vida humana. O primeiro inimigo, já descobrimos muitas coisas sobre ele, encontramos estratégias de enfraquecê-lo, reduzir seu furor transmissível, e agora estamos chegando a uma vacina que poderá enfraquecê-lo, controlá-lo ou até mesmo, melhor seria eliminá-lo. Temos confiança na ciência e na capacidade de luta dos profissionais de saúde mundo afora. O segundo personificado naquele que ocupa a cadeira de presidente da república parece mais difícil. Nele se encontram amarrados um bando, que com sua presença perdeu a vergonha de falar asneiras, acreditar em afirmações absolutamente inconsistentes, e o pior acreditar que a única forma de impor sua visão de mundo é eliminando todos que pensam diferente. Para esse teremos que refletir mais, estudar mais, aprofundar nossos conhecimentos na formação dos seres humanos. Precisaremos de todos os conhecimentos científicos existentes e tudo que ainda pudermos desenvolver para travar essa batalha. Fui buscar num poema de Miguel de Cervantes, sonho impossível, a força que precisamos e que desejo esteja com todos nós. O próximo ano não será fácil. Mas é preciso continuar a luta. Buscar um mundo melhor mais justo, menos desigual. Essa deve ser a nossa lei. Quero estar com vocês nessa luta nos anos que virão. ---------------------------------------------------------- Sonho Impossível Miguel de Cervantes Saavedra (Dom Quixote de La Mancha) ----------------------------------------------------------- Com fé o impossível sonhar combate o mal sem temor triunfa sobre o medo invencível e em pé suporta a dor Ame a pureza sem igual busque a verdade nos defeitos viva com os braços abertos acredite num mundo perfeito É meu ideal a estrela alcançar não importa quão longe possa estar lutar pelo bem sem duvidar nem temer disposto ao inferno chegar se este for o dever E eu sei que se conseguir ser fiel ao meu sonho ideal estará minha alma em paz quando chegar a minha vida ao final Será este mundo melhor se houve quem desconsiderando a dor combateu até o último alento Com fé o impossível sonhar e a estrela alcançar. ----------------------------------------------- Segue a Verão adaptada para o musical para O Homem de La Mancha de Ruy Guerra J. Darion - M. Leigh - Versão Chico Buarque e Ruy Guerra/1972 ------------------------------------------------ Sonhar Mais um sonho impossível Lutar Quando é fácil ceder Vencer o inimigo invencível Negar quando a regra é vender Sofrer a tortura implacável Romper a incabível prisão Voar num limite improvável Tocar o inacessível chão É minha lei, é minha questão Virar esse mundo Cravar esse chão Não me importa saber Se é terrível demais Quantas guerras terei que vencer Por um pouco de paz E amanhã, se esse chão que eu beijei For meu leito e perdão Vou saber que valeu delirar E morrer de paixão E assim, seja lá como for Vai ter fim a infinita aflição E o mundo vai ver uma flor Brotar do impossível chão

domingo, 9 de agosto de 2020

SOU FRANCISCO VIANA, PSICÓLOGO, SERVIDOR DO SUS APOSENTADO. QUERO REGISTRAR MINHA INDIGNAÇÃO PELA MORTE DE MAIS DE 100.000 PESSOAS QUE PODERIAM TER SIDO SALVAS, SE NÃO TIVÉSSEMOS NEGLIGENCIADO AS DEMANDAS DE NOSSA POPULAÇÃO E REDUZIDO INVESTIMENTOS. QUERO MARCAR MINHA INDIGNACAO TRAZENDO UMA HOMENAGEM DE UM GRANDE LUTADOR QUE TAMBEM PERDEMOS, D. PEDRO CASSALDALIGA, LENDO DOIS DE SEUS MARAVILHOS POEMAS. ALGUEM QUE NOS ENSINOU QUE HÁ MOMENTOS DE ESPERAR E OUTROS EM QUE A URGENCIA NÃO NOS PERMITE ESPERAR SABER ESPERAR SABER ESPERAR, SABENDO QUE O TEMPO NÃO EXISTE MAIS. NEM O CORREIO NEM A IMPRENSA TEM SUA CAIXA NA FLORESTA. O SOL É DE ONTEM, DE SEMPRE. E UM DIA É MAIS UM DIA. A NOITE COM MURIÇOCA. A LUA, NÃO É PARA SE FIAR. AMANHA SERÁ OUTRO DIA, E ARROZ NÃO NOS FALTARÁ.... ACORDAREMOS CANSADOS COM VONTADE DE SENTAR. MAS COM A ESPERA NO OMBRO, E NOS CABERÁ ESPERAR. OUTRO DIA, TODO DIA, PARA APRENDER A ESPERAR O SEGUNDO POEMA CHAMA SE - RETIFICAÇÃO SABER ESPERAR, SABENDO AO MESMO TEMPO, FORÇAR AS HORAS DAQUELA URGENCIA QUE NÃO PERMITE ESPERAR.