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segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Que venha 2022

Passei dias rodeando essa folha, O que escrever nesse último dia do ano de 2021, não escrevi. Passou o primeiro dia, o segundo quase terminando. Ano difícil onde perdemos desnecessariamente mais de 600 mil pessoas no Brasil por falta de cuidado e descaso do governo. E outros milhões ao redor do mundo por motivos semelhantes, e ainda continuamos perdendo. Ano em que milhares perderam empregos, Ano em que vivenciamos, sofrimentos, tristezas, solidão, medos, e ao mesmo tempo alegria, alívio quando vimos que havia uma saída chamada vacina e que não tínhamos nos infectado. A ciência, o conhecimento e a solidariedade nos mostraram o caminho. Numa condição de existência tão entrelaçada quanto a que vivemos hoje, parece delírio, considerar que liberdade é poder infectar outras pessoas, é não considerar o respeito a comunidade, ao outro. Mas temos demonstrado que como seres humanos aprendemos muito, com todas as dificuldades que enfrentamos, uma maioria absoluta está se vacinando e tomando os cuidados necessários. Os insensatos são minoria, embora continuem promovendo estragos continuamente. Foi muito gratificante ver o SUS desempenhando de maneira impecável o seu trabalho, demonstrando claramente que não se construiu uma política de governos, mas uma Política de Estado que apesar dos desmandos seguiu corretamente seu trabalho, demonstrou sua capilaridade, sua capacidade de resposta, o envolvimento dos seus trabalhadores. E nos mostrou também onde devemos investir nos próximos anos para enfrentar as dificuldades que ainda virão. Teremos um ano desafiador pela frente, pois precisamos encontrar novas formas de conviver, trabalhar, divertir com segurança e continuar enfrentado a pandemia, pois ela ainda não parece definitivamente controlada. Sabemos que para isso também teremos que pensar coletivamente, não adianta vacinarmos alguns e outros não, e digo isso não pelos que não querem, mas aqueles que pelas desigualdades existentes ainda não tiveram acesso as vacinas. Temos que pensar planetariamente, ou cuidamos de todos, ou todos viveremos os reflexos desse descuido. As questões climáticas já nos demonstram isso com uma intensidade que jamais vimos. Frio, calor, enchentes, secas, tempestades de areia, etc. etc. Se não cuidarmos de todos essa pandemia não será controlada. Precisamos recuperar nosso lugar nesse país, e porque não dizer nesse mundo. Não é possível que continuemos a viver nesse país achando natural que pessoas morram de fome, que outros não tenham onde dormir, que não possam descansar, que a educação não deva estar disponível para todos, que a moradia, a saúde, o trabalho, uma vida digna, seja privilégio de poucos. Precisamos tomar o rumo dessa história, cuidar do planeta, cuidar das florestas, dos animais, CUIDAR DAS PESSOAS. Conquistamos um desenvolvimento que até bem pouco tempo não passava de ficção científica, temos capacidade de comunicação, de troca de informações que deveria nos permitir viver comunitariamente com maior intensidade. Entretanto ela tem sido usada para nos induzir ao consumo, cada vez mais desvairado, exigindo dos nossos recursos naturais uma capacidade de reposição que de fato não está disponível pela natureza. Temos colocado nossas crenças acima do direito individual e coletivo e da liberdade de pensar diferente. Temos assistido por todo mundo um discurso de ódio, onde aquele que pensa diferente precisa ser eliminado, onde a diferença se torna intolerável. Em especial no Brasil esse discurso tem sido ampliado por pessoas que deviam reconhecer a diferença e valorizar as divergências. Até porque só ocupam os lugares em que estão, porque outros consideraram que deveriam ser ouvidos, ainda que discordassem. Creio que por tudo isso estava difícil escrever, nossa tarefa é dura, será árdua, mas precisa continuar. Mais uma vez quero estar com vocês nessa luta, talvez ela seja ainda a distância, talvez tenhamos que usar mais a internet, mas quero estar com vocês, combatendo um bom combate. Hoje escutei essa música do Gonzaguinha e achei que ela expressa um pouco esse sentimento que queremos. É! A gente quer valer o nosso amor A gente quer valer nosso suor A gente quer valer o nosso humor A gente quer do bom e do melhor A gente quer carinho e atenção A gente quer calor no coração A gente quer suar, mas de prazer A gente quer é ter muita saúde A gente quer viver a liberdade A gente quer viver felicidade É! A gente não tem cara de panaca A gente não tem jeito de babaca A gente não está Com a bunda exposta na janela Pra passar a mão nela É! A gente quer viver pleno direito A gente quer viver todo respeito A gente quer viver uma nação A gente quer é ser um cidadão A gente quer viver uma nação É, é, é, é, é, é, é! SEM MEDO DE SER FELIZ... Francisco Viana Jan/2022