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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Tragédias, Anunciadas…. Por quem?????

Temos assistido nesta ultima semana mais uma tragédia vivida pela sociedade brasileira. Enchentes, deslizamentos, mortes, perdas financeiras e materiais.
Até ai nada de novo. Quando vim morar em Belo Horizonte o Ribeirão Arrudas passeava pelas ruas, lojas e casas no centro da cidade, todos os anos como se não houvesse o que fazer. Mas ele foi contido. Por muito tempo. Até que a falta de atenção aos processos da natureza e uma nova tentativa de escondê-lo debaixo de um belo boulevard. AGUA NÃO SE PRENDE. Não se esconde. Temos tratado mal o solo brasileiro tanto na cidade quanto no campo. Cortamos arvores, deixamos os rios assorearem, deixamos de cuidar das encostas, plantamos sem fazer curvas de nível para evitar mais erosões. Impermeabilizamos os solos das cidades, trocamos os paralelepípedos pelo asfalto. Nosso desejo de ter carros rodando sobre superfícies lisas parece fazer esquecer que a água precisa de um lugar para penetrar. O asfalto parece representar nosso desejo de ser primeiro mundista montados nos cavalos de ferros sempre novinhos, importados ou produzidos pelas marcas estrangeiras. Nossas tentativas brasileiras foram destruídas, desqualificadas. As carroças brasileiras é que andam em ruas irregulares, os Carros precisam de ruas lisinhas.
É triste assistir a contagem das vidas perdidas, pela nossa própria ignorância de cuidarmos do planeta que vivemos. Todos nós temos uma parcela de responsabilidade sobre esses acontecimentos. Não pretendo tirar a responsabilidades dos governos em cuidar da moradia, do transporte, da ocupação do solo nas cidades. Entretanto para dar conta desses fenômenos da natureza precisaremos mais que políticas públicas, precisaremos mais que sensores de tempestades. O espaço natural sempre foi uma área de risco. Certamente nossas atitudes de desrespeito à espaço natural piora as coisas. Mas chuvas, enchentes, terremotos, vendavais, vulcões, sempre existiram. Nossa onipotência é que nos fez esquecer que deveríamos estar sempre preparados para lidar com ela. Nos faz acreditar que podemos mudar o curso dos rios, corta as florestas aqui e plantar novas acolá. Extraímos arvores, plantas, minerais sem avaliar adequadamente o dano que isso provoca, ou a falta que fará para manter o solo em seu lugar de origem. Produzimos um aquecimento como o asfalto, com o concreto, com os espigões de vidros. O processo de urbanização nos afastou da relação mais intima com a terra e com o mundo natural. Essa é a razão de não sabermos o que fazer quando começa o temporal. Essa talvez seja a tarefa mais difícil. Construir relações solidaria onde todos vão tomar conta de todos antes das intempéries da natureza. É bonito a atitude solidaria de doar tempo, dinheiro, roupas e alimentos para quem perdeu. Mas mais bonito é estamos solidariamente organizados para evitar que isso ocorra. Criando redes de cuidado, grupos apoio para retirada de pessoas em momentos de crise, construção e ou definição previa de espaços onde as pessoas possam ser abrigadas logo que surge o perigo.

Esse é o desafio.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Dia de Posse.

Hoje assistimos a posse da primeira presidente mulher no Brasil. Mas o mais importante de fato foi o clima de respeito e orgulho que podíamos ver estampados nos rostos do Presidente Lula e da Dilma. Respeito pela certeza de que quem ia embora tinha feito seu dever de casa. Cumpriu de forma possível e brilhante o mandato de maior relevância para sociedade Brasileira. Não conquistamos tudo que queríamos, não eliminamos todas as desigualdades, a pobreza, nem resolvemos os problemas da saúde, da educação, da moradia, da violência. Tudo ainda está por fazer, mas certamente demos nos últimos 8 anos os passos mais firmes e corretos para construir esse Brasil que queremos. Assistimos perplexos o acometimento de erros que sempre condenamos, descobrimos que para governar, precisamos construir uma maioria nem sempre ideal para atingir nossos objetivos. Construir maioria significou muitas vezes afastar-se de propósitos que sempre fizeram parte de nossos princípios. Ainda assim, soubemos corrigir rumos e precisamos fazer ainda mais. Agora depois de 8 anos nossos erros não podem ser mais aceitos como pragmatismo. Nossa maioria conquistada nas urnas e a certeza o apoio popular expresso nos índices de avaliação do governo do presidente Lula tem que servir de apoio concreto para não cedermos um centímetro sequer nos princípios.
Nessa posse era possível também ver que ambos estavam no rosto a certeza que tinha valido a pena todos os anos dedicados a luta política, os desgastes, os sofrimentos. Fizemos parte de uma geração que dedicou cada um ao seu modo e de formas diferentes partes das nossas vidas na construção de um outro Brasil. Livre do autoritarismo, livre da intolerância, onde o direito de opinião e de expressão política fosse reconhecido como inalienável. Valeu a pena. Temos uma democracia consolidada. Ainda que muitas vezes um conjunto que parlamentares e administradores públicos que nos envergonham, mas temos uma democracia que é a cara do Brasil. Como todos os seus problemas. Mas que quer agora enfrentá-los um a um. Vamos errar sim. Mas erraremos caminhando na direção de um Brasil cada vez mais democrático, respeitador dos Direitos Humanos, com menos desigualdades e mais feliz.