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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Ano Novo 2010.

Toda virada de ano, fazemos promessas, falamos das esperanças de um ano sempre melhor.
Na maioria das vezes queixamos do ano que passou.
Queixamos da falta de dinheiro, trabalho, da namorada que não conseguimos conquistar, das coisas que não realizamos, dos quilos que não perdemos, das caminhadas que nunca começamos, do cigarro que não abandonamos.
Relembramos as amizades que não reconquistamos, das atitudes de simpatia que não tivemos e que muitas vezes não tiveram conosco.
Sempre deixamos um ano que passou revendo as coisas que não conquistamos, que perdemos .
Esse ano, quero que seja diferente,
Quero lembrar com saudades os bons momentos vividos com os amigos, com a família, com os colegas no trabalho,
Quero lembrar as conquistas, as etapas vividas com o sofrimento que ajudou a crescer.
Quero lembrar com alegria e saudade dos momentos felizes vividos com aqueles queridos que foram mais cedo que gostaríamos,
Quero lembrar que mesmo a falta do dinheiro, ou do trabalho ou do amor, não tomou conta de todo o ano que passou.
Quero lembrar com felicidade cada minuto vivido com a alegria de ter conseguido fazer aquela caminhada, mesmo não tendo continuado todos os dias, das pequenas vitorias, da felicidade intensa que cada momento de viver com vocês, meus grandes amigos, minha família, meus parceiros de trabalho e de luta.
Assim posso pensar que quero um ano novo melhor, sabendo que esse que deixo para trás foi bom, podia ter sido melhor, mas cada dia dos seus 365 foram vividos com muita intensidade, alegria, e bem acompanhados.
Quero essa companhia em 2010. Convido vocês a partilharem comigo esses próximos 365 dias, vamos transformá-los a cada dia, num dia melhor, num mundo melhor para se viver.
Beijos a todos e todas,

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Menino da Rua - 1974 - Crônica.

O Menino da Rua - 1974

Zeca, não é senão mais um dos muitos meninos que mora na favela do morro do papagaio, e que desce para a Av. N.S. do Carmo, pra ver se consegue algum para ajudar em casa.
E parece difícil...
- tem 10 anos, e já não freqüenta mais a escola, pois sua professora, aquela dona toda empinada, ficava querendo que ele repetisse todo dia, aquelas mesmas letras, o nome da diretora, da professora e do grupo escolar.
- acabou saindo como tantos outros...
Hoje está no sinal...
- ei moço leva um chicletes?
Não obrigado.
É 3 por 40,00.
Não obrigado.
Ta certo, 4 por 40,00
Não obrigado.
Só pra ajudar...
Não obrigado.
Então ta, 5 por 40.
E o moço, já irritado manda-lhe um palavrão e quase bate nele.
Mas Zeca não liga, sabe que é difícil, mas tem que batalhar...
Ontem vendia jornal
- olha o Diário da tarde!
- vai um jornal ai moço?
Não, obrigado eu assino.
- oh! Moço nesse aqui o Delfin pediu demissão!!!
- é, mas eu não quero não.
Zeca anda mais um pouco, espera o sinal fechar de novo.
Olha do Diário da Tarde.
O Delfin Caiu!!!!
Ei menino , isto ai é verdade?
- Né não moço, mas Cê não quer comprar um jornal não? É só para ajudar.
- vai lá, a brincadeira vale o jornal.
Obrigado.
E la vai ele de novo a espera de um novo sinal fechado.
Amanha, quem sabe, um chicletes, o DT, ou um revolver...
Quem sabe....

domingo, 4 de janeiro de 2009

Crônica - Foi a Cachaça - 1979

Foi a cachaça... - 1979

... e Belo Horizonte acordou na terça feira assustada. O que acontecerá hoje? Ontem foi briga, depredação, incêndios, etc. e hoje?
As 10 horas eles começaram a subir para o local combinado, vinham aos bandos, em grupos de 4 ou 5. Suas faces expressavam uma alegria, e ao mesmo tempo uma preocupação.
_ “ Eles tem que aceitar nossa proposta, ou então continuaremos parados.
E mais uma vez aconteceu, os patrões se mostraram insensíveis às suas reivindicações e estes saíram em passeata por toda a cidade.
- meu Deus! Será uma procissão ?
-Não são os operários!!!!!
- ich!! Eles Vão quebrar tudo....
- não são eles... diziam alguns...
- São os pivetes... diziam outros...
- e o governo e os jornais a cada minuto denunciava a presença de elementos infiltrados....
- e a justificava um líder sindical; o elemento infiltrado está na barriga do operário, chama-se FOME.
Uma radio de Belo Horizonte inicia uma campanha para apurar a opinião pública a cerca do movimento; mas o locutor não consegue deixar de mostrar a cada entrevista a sua posição contraria ao movimento.
... e o telefone toca mais uma vez...
- alo? Com quem estou falando?
- aqui é a Maria, eu moro aqui no Padre Eustáquio...
- Como vai D. Maria?
- Qual a sua opinião sobre tudo que está acontecendo?
- Primeiro quero parabenizá-lo pelo seu programa, e dizer que estou de pleno acordo com a greve, acho que eles ganham muito pouco e estão certos de pedirem um aumento ?
- o Sr. não acha?
- É, quer dizer, a sra. É que acha,...
- é eu acho justo, só não acho justo a quebradeira, sabe?
- é isto é um absurdo, não é D. Maria?
- é, e eu acho que o culpado disso tudo é a cachaça, porque eles já vão para o campo do Atlético depois de ter tomada umas cachacinhas e depois ficam sem comer do dia inteiro, (coitados) e dá nisso ai, né?
- Atenção autoridades, muita atenção a D. Maria acaba de dar uma informação valiosíssima.
- Muito Obrigado D. Maria, a senhora está dando uma informação importantíssima para as nossas autoridades,.
- de nada, e desliga do fone.
... ai a noticia corre... descobriram os culpados...
O Secretario de segurança manda tomar as providencias, para pegar os culpados.
Os agentes de segurança, começam então uma investida sobre os bares e botequins...
- mas meu Sr. eu não tenho nada com isso, não tenho culpa, eu so vendo aquilo que recebo para vender...
- ah! Então alguém está trazendo este comunista para cá? Interpela o agente!!!
- é eu recebo das distribuidoras...
Mas o distribuidor...
Eu, eu não Sr. eu só levo, quem faz é o alambique.
... mas também o usineiro tem a sua desculpa.
Olha eu apenas destilo, mas quem traz a cana é um tal de seu Zé daquela fazenda ali embaixo...
... e o agente certo de que achara o real culpado, procura o dono da fazenda, que mais que depressa passa a culpa pra seu empregado...
- então é o Sr. o culpado de toda essa confusão? né?
- culpado eu dotor? De que? ... eu passo dia todo prantando, e coiendo e no finar do dia num dá prá sobrá nem um pouquinho para nois.
- Esta vendo, não falei, é comunista...
- Sr. Pedro, o sr. foi autuado em flagrante pela produção de cachaça que levou a greve dos operários da construção civil.
- ah! Se i Sinhô está falando caninha, eu tenho sim sinhô, uma aqui da boa, e vô ti dizê cum toda sinceridade, prá levar essa vida dura do jeito que vai, só mesmo tomando uma pinguinha, né?

O Sr. Está Preso.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Fala de menino

Fala de menino

Para Flaviano – 05/10/1979

Hoje, uma criança me disse:
- é ruim o cheiro da fumaça...
Faz mal...
Bom é o cheiro da flor...
Não faz mal
É gostoso.

Gostoso é sentir a simplicidade da criança,
A simplicidade da flor
E ver como é simples entender a complexidade no mundo moderno.

Crônica - Guarda Chuvas

Guarda Chuva – 26.12.1982


Coisa engraçada é o tal de guarda chuva. Nestes anos todos, pouco evolui. Sempre preto, suas maiores modificações foram no tamanho, na sofisticação de seus cabos e na modernização de seu mecanismo de funcionamento. (o que, diga-se de passagem, que nem sempre deu certo, o melhor mesmo são aqueles do tipo antigo).
Sempre velho companheiro, principalmente dos mineiros, pode-se ser encontrado durante do ano, pendurado nos braços dessa figura extremamente prevenida.
É só descer diariamente até o café perola e encontrá-los sempre em companhia de seus donos.
O interessante é que por eles podemos conhecer também um pouco de seu s donos.
Existem aqueles que mais sóbrios, preferem prefiram os de cabo de osso, muitas vezes lisos, outros trabalhados. Os mais simples usam mesmo os de cabo de plástico. Mas também existem os de madeira, muitas vezes esculpidos de entalhes bem exóticos. É interessante observar que os cabos serviam para varias coisas, alem de ser o local de segurar o guarda chuva.
Puxar as pernas daquele sujeito a quem você devia uma atrapalhada; serve de porrete; serve de guia de cego, fora aquelas sofisticadas armas que o folclore policial sempre apresentou.
Mas o que mais preocupa é sua função real. Se muito bem Server de porrete, pouco ajuda mesmo na hora da chuva.
Só lhe garante não molhar a cabeça, isto se o vento não vira-lo ao avesso, deixando-o naquela situação embaraçosa.
Ousaria dizer que seu aspecto sério, só serve mesmo para acompanhar seus donos em tardes ensolaradas de domingo até a praça ou até ao Café Perola.
Academico, isto mesmo, é talvez o adjetivo que melhor o descreve: velho, sério e incompetente. Mas fiel companheiro de nós mineiros, que nos meses de final de ano, poderiam colocar a prova sua eficiência. Entretanto como prevenidos, sempre preferimos esperar que a chuva passe sob o teto de uma marquise, acompanhado é claro do seu fiel companheiro. O guarda chuvas.