quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
Estamos no último dia do ano de 2020. Ano que preferia que tivesse acabado em março. Vivemos neste ano coisas que só na ficção cientifica conhecíamos. Fomos literalmente atropelados por pelo menos dois inimigos ferozes. Um invisível, que para combatê-lo dependíamos de conhecimentos que ainda não estavam estruturados. O outro, a ignorância, o descaso com o outro, o desrespeito com a vida humana. O primeiro inimigo, já descobrimos muitas coisas sobre ele, encontramos estratégias de enfraquecê-lo, reduzir seu furor transmissível, e agora estamos chegando a uma vacina que poderá enfraquecê-lo, controlá-lo ou até mesmo, melhor seria eliminá-lo. Temos confiança na ciência e na capacidade de luta dos profissionais de saúde mundo afora. O segundo personificado naquele que ocupa a cadeira de presidente da república parece mais difícil. Nele se encontram amarrados um bando, que com sua presença perdeu a vergonha de falar asneiras, acreditar em afirmações absolutamente inconsistentes, e o pior acreditar que a única forma de impor sua visão de mundo é eliminando todos que pensam diferente. Para esse teremos que refletir mais, estudar mais, aprofundar nossos conhecimentos na formação dos seres humanos. Precisaremos de todos os conhecimentos científicos existentes e tudo que ainda pudermos desenvolver para travar essa batalha. Fui buscar num poema de Miguel de Cervantes, sonho impossível, a força que precisamos e que desejo esteja com todos nós. O próximo ano não será fácil. Mas é preciso continuar a luta. Buscar um mundo melhor mais justo, menos desigual. Essa deve ser a nossa lei. Quero estar com vocês nessa luta nos anos que virão.
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Sonho Impossível
Miguel de Cervantes Saavedra (Dom Quixote de La Mancha)
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Com fé o impossível sonhar
combate o mal sem temor
triunfa sobre o medo invencível
e em pé suporta a dor
Ame a pureza sem igual
busque a verdade nos defeitos
viva com os braços abertos
acredite num mundo perfeito
É meu ideal
a estrela alcançar
não importa quão longe possa estar
lutar pelo bem sem duvidar nem temer
disposto ao inferno chegar se este for o dever
E eu sei
que se conseguir ser fiel
ao meu sonho ideal
estará minha alma em paz quando chegar
a minha vida ao final
Será este mundo melhor
se houve quem desconsiderando a dor
combateu até o último alento
Com fé o impossível sonhar
e a estrela alcançar.
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Segue a Verão adaptada para o musical para O Homem de La Mancha de Ruy Guerra
J. Darion - M. Leigh - Versão Chico Buarque e Ruy Guerra/1972
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Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão
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